tag:blogger.com,1999:blog-17519106114963621212024-03-18T21:40:31.849-07:00Macabéa de la ManchaMas se olharmos bem o que já existe, pondera: Não há porque fugir da realidade, nem porque fincar raízes nela.Unknownnoreply@blogger.comBlogger275125tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-21127908489042597362015-06-12T11:16:00.001-07:002015-06-12T11:16:52.925-07:00Água morna<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Água morna<br />
Onde encontrá-la?<br />
Para imergir meu corpo<br />
E sossegar minha alma?<br />
Água morna,<br />
Não há como mergulhar em ti<br />
Sem passar pelo vento gelado<br />
Do medo do salto.<br />
O grito vem do alto<br />
E manda fugir.<br />
Saltar é perigoso.<br />
Por vezes, letal.<br />
E o amor, uma submersão subversiva<br />
Tão perigosa quanto vital.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-72405190090862152482015-06-12T10:51:00.001-07:002015-06-12T10:51:58.101-07:00Até chegar a hora<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Mesmo sem cavar detalhes na memória<br />
Não sentir esse vazio que incomoda<br />
É impossível.<br />
Não há razão<br />
Nem continência:<br />
Cachoeiras.<br />
Ainda que bebendo com a solidão<br />
E fumando dor mesquinha,<br />
Sair rasgando o peito não é pra qualquer uma.<br />
Seguir em frente não quer dizer que deixei de lado<br />
Mas que levo comigo<br />
Ora como abrigo,<br />
Ora como fardo.<br />
Até que uma hora<br />
Qualquer hora, quando for a hora<br />
Minha melhor hora vai chegar.<br />
A gente ri, finge e chora<br />
Até jogar fora o que não dá pra levar.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-87867944868070144632015-06-12T10:31:00.002-07:002015-06-12T10:31:49.659-07:00Importância<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Com o quê você se importa?<br />
Se a toalha da mesa está torta?<br />
Se tá faltando um pedaço?<br />
- Faz favor abrir espaço?!<br />
- Disponha!<br />
Se ponha num lugar que não é o seu.<br />
Me acuse de não ser você e ser tão eu.<br />
Ainda que pense e pese<br />
Ser mais a gente do que tão nós<br />
Que seja laço<br />
E não o nó<br />
Do que não é falado mais do que sentido.<br />
Que seja laço e não indiferença.<br />
E o que vale para além da presença<br />
Estar ou ser tão só?<br />
Amor não vira pó.<br />
Se a gente se importa,<br />
arromba a porta:<br />
- Você vai me ouvir!<br />
Quem é mais sentimental que eu?<br />
Como é que as coisas se ajeitam por si?<br />
Para além do não sei, o sim.<br />
Deixa ser.<br />
Fica aqui.<br />
Eu me importo.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-47098532247916016442015-06-12T07:33:00.002-07:002015-06-12T07:34:08.548-07:00A tinta<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Versos<br />
Telas<br />
Formas<br />
Pêlos...<br />
<br />
É possível lermos.<br />
<br />
E na leitura que eu faço,<br />
Todo esse movimento só pode ser poesia<br />
Contemporaneamente concebida<br />
Com nossos corpos suados</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-82039533050124213912015-06-12T07:31:00.003-07:002015-06-12T07:31:47.851-07:00Não fique preso no poema<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Se as palavras te encantam,<br />
Deixe que o olho brilhe,<br />
Que o verbo reverbere<br />
E que valha a alegria e a pena,<br />
Mas não!<br />
Não fique preso no poema:<br />
Ele pode ter ponto final.<br />
E ainda assim não ter fim...</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-84621531949868146672015-06-11T13:16:00.001-07:002015-06-11T13:16:50.358-07:00Muita<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Eu tiro o cabelo<br />
O batom e a roupa<br />
E o que mais eu quiser.<br />
Fico nua<br />
E me visto de lua<br />
Meu peito é sol<br />
E meus olhos, estrelas!<br />
- Não faça isso!<br />
- Não seja assim!<br />
- Não tem medo da fogueira?<br />
Eles dizem...<br />
Mas o único imperativo que me interessa<br />
Bate no meu peito,<br />
No centro da terra<br />
E no sonho da humanidade:<br />
Que haja liberdade<br />
Muita<br />
Para todas as pessoas!<br />
Para que a vida não seja, assim,<br />
Tão cheia de coisas<br />
E se torne coisa pouca.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-79380328355227991992015-06-11T13:12:00.004-07:002015-06-11T13:12:57.249-07:00Encantamento<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
O verão quente de tua boca<br />
É que nem sol de meio dia<br />
Arde que nem lua cheia da gota serena.<br />
Você me irradia e incendeia<br />
Qualquer razão que eu tenha.<br />
No misto de tanta euforia<br />
Transpirar de prazer<br />
É encontrar calmaria.<br />
Será isso feitiço?<br />
Por certo é bruxaria?<br />
No fim de tudo o que me resta<br />
saber de teu encanto, é:<br />
Que você é tão poesia<br />
Quanto em seus braços<br />
Me sou tão mulher.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-46458847150121419272015-06-11T13:07:00.003-07:002015-06-11T13:07:36.503-07:00Tô na cruz<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Cristo foi bandido<br />Desses que é bom morto.<br />Andava com a gente mais torta<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br />Cagava na ordem social<br />E nas regras religiosas da época.<br />Transformou água em vinho<br />E sem ter onde encostar a cabeça<br />Multiplicou pães e peixes<br />Para que não houvesse fome,<br />Nem sede, nem gente infeliz.<br />Mesmo assim, em nome da lei,<br />Sacerdotes e até parte do povo quis:<br />- Crucifica-o!</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">
<div style="margin-bottom: 6px;">
Se eu fosse cristã<br />Não acumularia tantos bens<br />Sofreria com quem mais sofre<br />Amaria as pessoas que menos têm<br />Direitos e expectativas<br />Não seria cristã de cruz e morte<br />Seria cristã de vida<br />Arriscando a mudança<br />Ao invés de esperar passiva<br />A herança do céu.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Se eu fosse cristã<br />Cega diante da cruz,<br />Teria de ser um homem transtornado.<br />Mas eu sou só trans.<br />E a nítida preferência de Cristo por mim<br />Faz espumar ira da boca dos santos.<br />São juízes tantos de minha conduta<br />Que sou bicho, sou puta<br />Menos humana...<br />Por mais que seja uma sentença insana<br />Eis o mais cristão que os cristãos conseguem ser.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Se eu fosse cristã</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
[dessas que não são erradas]</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Não seria crucificada.<br />Mas eu tô na cruz<br />E vou (r)existir.</div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-1376586440449160392015-06-11T13:05:00.003-07:002015-06-11T13:05:39.869-07:00Notícia do dia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Hoje eu atrasei por motivo de choro.<div>
O mundo que estupra, espanca e mata</div>
<div>
Não para para o nosso luto.</div>
<div>
Então, a gente, com lágrima e tudo</div>
<div>
Transforma substantivo masculino em feminino</div>
<div>
E conjuga: LUTAR!</div>
<div>
Para que o medo não seja nossa sombra.</div>
<div>
Por nenhuma de nós a menos.</div>
<div>
Seguiremos</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-45158101287416343232015-04-06T10:33:00.000-07:002015-04-06T10:41:38.796-07:00Dia do índio<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Mim não entender<br />
Porque associar erro de português formal<br />
Com o jeito de falar do indígena nacional.<br />
Ora! Este não tem a língua portuguesa como natural...<br />
Mim achar confuso, pejorativo e imbecil.<br />
-<i> Fala de um estrangeiro alemão</i><br />
<i>Sobre o dia do índio no Brasil.</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-55559009301225151972015-04-06T10:27:00.002-07:002015-04-06T10:29:47.243-07:00Paisageira da janela<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
O sol se põe<br />
A lua resplandece<br />
A estrada escurece<br />
Até que o sol renasce.<br />
Na viagem, a moça que observa<br />
Chamo de paisageira da janela.<br />
Porque de tanto olhar<br />
A paisagem permanece nela.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-48484340434422856932015-04-06T10:20:00.001-07:002015-04-06T10:20:49.710-07:00Banquete<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Quando amar não é permitido<br />
Eu sei que o mundo está errado.<br />
Pecado é morrer de fome<br />
Conjugando a moral burguesa.<br />
Se o amor é o que está na mesa,<br />
Que o mundo seja saciado.<br />
Façamos o prato de nossas delícias:<br />
Mundanas coisas humanas<br />
Sagradas demais.<br />
Divinas de tão dádivas.<br />
Ávidas pela liberdade.<br />
Que não sejam póstumas<br />
de tanta hipocrisia.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-20515494600682055602015-04-06T10:17:00.001-07:002015-04-06T10:17:53.978-07:00Separação<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Na divisão de bens<br />
Ela ficou com o juízo<br />
E eu sem.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-81087800730405430882015-04-06T10:16:00.002-07:002015-04-06T10:16:32.145-07:00Jeito de viver em paz<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Ninguém sabe, ninguém viu.<br />
Mataram mais dois sem terra no Brasil.<br />
Em Poti, onde Alves é a cor da morte,<br />
toda a falta de sorte consigo traz:<br />
subemprego, veneno, latifúndio.<br />
A força da cerca mata mais do que a falta d'água.,<br />
matam como quem matam nada,<br />
matam com todo o ódio do mundo<br />
Trabalhador e trabalhadora que não se cala.<br />
Nos jornais são números.<br />
No peito, a falta:<br />
Presença na frente de batalha<br />
Contra o fuzil neoliberal.<br />
É tempo de guerra,<br />
Severino, Joana, Margarida, Tomás!<br />
Presente, presente, presente!<br />
Em tempos de guerra, lutar pela terra<br />
é o jeito de viver em paz!</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-33266524264979609122015-04-06T10:01:00.000-07:002015-04-06T10:01:12.009-07:00Pôr do sol<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Sendo o clarão do sol<br />
Ou a noite engolindo a lua,<br />
Somos a maior parte do tempo<br />
Tão só aquilo que flutua:<br />
A espera de quando<br />
por alguns minutos<br />
seremos encontro.<br />
Faz algum sentido que o mundo pare<br />
Para ver o nosso beijo, gozo,<br />
morte e vida no céu.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-1307667614346414572015-04-06T09:22:00.000-07:002015-04-06T09:22:21.577-07:00Dá em poesia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Notas de mi re dó<br />
Fazem as canções da rua<br />
Que nem no mapa tem.<br />
Mi, re, dó...<br />
Dó de quem?<br />
Tão dissonantes são as nossas melodias.<br />
Uma linha tênue entre ser eu e ser você,<br />
Prisão sem corrente.<br />
Somos plenos na escolha de nossas alforrias.<br />
Somos livres até para não nos encontrarmos em utopia.<br />
Se a gente não der em nada,<br />
a gente dá em poesia.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-52130054678914273102015-04-06T09:18:00.002-07:002015-04-06T09:18:52.655-07:00Colheita<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
Plantei Manoel de Barros<br />
e colhi as coisas mais sem importância:<br />
as essenciais.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-4520070120548166572015-04-06T09:15:00.001-07:002015-04-06T09:15:35.053-07:00A poesia que me pariu<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
A poesia que me pariu<br />
Para que eu fosse minha.<br />
Em cada verso, em cada linha:<br />
Reescrever a história, a punho forte!<br />
Desafiando o verbo patriarcal,<br />
O pecado neoliberal,<br />
O batismo de sangue racial,<br />
e toda hipocrisia sexual.<br />
A poesia que me pariu.<br />
Eis o meu pacto de vida!</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-71189015984095501222015-04-06T09:10:00.003-07:002015-04-06T09:10:54.020-07:00Licença 2<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Licença poética<br />
É escrever com minha própria mão<br />
A palavra que me liberta.</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-82770345177857624362015-04-06T09:09:00.002-07:002015-04-06T09:09:35.967-07:00Você não sabe me escrever!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div>
<br /></div>
<div>
Você não sabe me escrever, poeta!</div>
<div>
Esta é bem a verdade.</div>
<div>
Romance industrial burguês</div>
<div>
Só alimenta a tua vaidade</div>
<div>
E eu digo logo de uma vez:</div>
<div>
Minha moral sexual não cabe</div>
<div>
Na estrutura patriarcal de vocês!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Não fale de mim, poeta!</div>
<div>
Se não sabe o que faz,</div>
<div>
Atenção para o alerta:</div>
<div>
Não sou Marília de Dirceu</div>
<div>
Amélia ou Isaura.</div>
<div>
E sou.</div>
<div>
Sou Nísia Floresta, Frida, Dandara.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Poeta, meu caro, por favor me leve a mal!</div>
<div>
Mas não me use pra vender</div>
<div>
Seu livro ou seu jornal.</div>
<div>
O meu corpo e a minha vida,</div>
<div>
Quero longe dessa falsa liberdade liberal.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Entenda, poeta, poetinha...</div>
<div>
A mudança do mundo passa pelas minhas mãos</div>
<div>
Quando sou eu quem escrevo minha história</div>
<div>
e de minhas irmãs.</div>
<div>
Passa pela minha mente e coração</div>
<div>
Quando me livro do padrão e sou quem desejo ser.</div>
<div>
Passa pelas minhas pernas, prazer!</div>
<div>
O amor e a sexualidade que quero viver.</div>
<div>
Passa pela minha decisão:</div>
<div>
Ser mãe ou não ser, direito individual.</div>
<div>
Passa pelo meu trabalho dividido com você por igual.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Se não sabe me escrever assim,</div>
<div>
Não verse sobre mim.</div>
<div>
Virtude bonita é a tal da humildade.</div>
<div>
Das alegrias e dores,</div>
<div>
Da luta árdua diária, eu sei.</div>
<div>
Mulher tem a beleza da poesia</div>
<div>
Com a força revolucionária.</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-80535912839369849282015-04-06T09:00:00.000-07:002015-04-06T09:00:02.984-07:00Poema de mão<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Tem poemas que têm mãos.<br />
Te acariciam a cabeça,<br />
Vão galgando o seu corpo,<br />
Ganhando braços, pernas e coração.<br />
Poema de mão tem gosto doce<br />
e verso forte.<br />
Tem toda a sorte flor em jardim.<br />
Vai indo, vai indo...<br />
E você deseja que não chegue ao fim.<br />
Tem gente que é poema de mão<br />
E se escreve na gente assim.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-65879530309158261332015-04-06T08:53:00.001-07:002015-04-06T08:53:28.664-07:00Sororidade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
Ontem quando olhei no espelho<br />
Meu cabelo cacheou,<br />
Minha pele era de toda cor´<br />
E eu estava em toda parte do mundo.<br />
Nas favelas e guetos<br />
Nos mais altos andares<br />
Nos quilombos de palmares<br />
Que a gente finge não ver.<br />
De repente, eu era a mãe que chora,<br />
A feirante traída,<br />
A viciada em crack,<br />
A funkeira mal falada,<br />
A agricultora ignorada,<br />
A lésbica perseguida,<br />
A mulher ensanguentada<br />
Pelo machismo desta sociedade.<br />
Eu me sinto as putas das ruas e as cafetinadas,<br />
Bruxa carregando a fogueira dos olhares<br />
De maldição desejada.<br />
Cordeiras e lobas<br />
Nas armadilhas, julgadas.<br />
Na resistência, não mais caladas.<br />
De repente eu me vi milhares<br />
E continuava sendo eu mesma.<br />
De repente eu me vi mulheres<br />
E não me reconhecia mais<br />
Sozinha.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-11844988914931794432015-04-06T08:37:00.002-07:002015-04-06T08:37:49.449-07:00Me balança<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Depois do orgasmo<br />
procuro ajustar o corpo no lugar,<br />
Fechando e abrindo os olhos pra admirar<br />
as coisas de todo o dia:<br />
Uma rosa nascendo em cada poro.<br />
Uma casa sem porão.<br />
É tão claro!<br />
Os ventos alisam meu corpo inteiro<br />
Sendo eu mesma paisagem de seus olhos.<br />
Sinto que aproveito cada partícula gostosa sua<br />
Que sua<br />
E soa aqui dentro do peito.<br />
Amar você é feito música e dança.<br />
Não tem jeito.<br />
Me balança, me balança!</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-56272439520445040142015-04-06T08:27:00.003-07:002015-04-06T08:27:47.662-07:00Porque eu não sou albergue<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
Quando você sair,<br />
Trocarei logo o lençol da cama.<br />
É rito de passagem.<br />
Se viesse pra ficar,<br />
Espalharia pétalas por todo o canto,<br />
Avenida de desfilar desejo.<br />
E meu corpo, em flor,<br />
Seria todo dia o seu lar.<br />
Mas se estais de visita...<br />
Não garanto vaga pra dormir<br />
Porque eu não sou albergue.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1751910611496362121.post-62891311942849822622015-04-06T08:14:00.003-07:002015-04-06T08:14:50.786-07:00Poesia de quinta<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Minha poesia é de quinta!<br />
Como é quinta a roupa que eu visto<br />
A comida que eu como,<br />
A bebida que eu bebo,<br />
As gentes com as quais ando<br />
E os becos por onde festejo.<br />
A quinta é tudo que não cabe<br />
no verso tolhido,<br />
na rima rica,<br />
no livro que não publico.<br />
A quinta é a quina da menina<br />
dos sonhos, roubada.<br />
A quinta são as tripas expostas<br />
do massacre nas páginas policiais.<br />
A quinta é o que me é negado<br />
E é a resposta que não se satisfaz.<br />
A quinta é a boca dos que não morrem afogados<br />
no mar de primeira, segunda, terceira, quarta...<br />
Mil tentativas válidas nos sonhos que latejam<br />
in-can-sa-vel-mente.<br />
A quinta não mata,<br />
não mente a dor que sente<br />
e nem a força do que é capaz.<br />
A quinta é o povo junto fazendo pirraça<br />
Pintando os muros, palavreando as praças,<br />
Bombeando sangue nozói e no coração.<br />
Um jeito diferente de fazer amor<br />
E de fazer revolução!</div>
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