quarta-feira, 25 de maio de 2011

Por bons tempos (Em homenagem aos caros colegas do curso de comunicação social)




Quando aluna, do 2° período ainda (2006), do curso de Comunicação Social da UERN, eu e os colegas, do mesmo e demais períodos, fizemos uma greve: Greve de estudantes.Um curso apenas, alguns poucos alunos (28 se não me engano) nas praças movimentadas da cidade com faixas e panfletos, com apitaços em frente à reitoria e fazendo zuada (quando deixavam) nos nossos currais midiáticos. Lembro, com saudades, das reuniões e assembléias, das movimentações, das palavras de ordem que gritávamos (Sem estrutura não dá!). Saudade da luta. Estávamos exercendo o nosso direito de comunicação. Havia um problema, e nós o denunciávamos e exigíamos que fosse resolvido. Havia em nós ideiais, que com o tempo e os cargos públicos, em muitos desfaleceram.

Fizemos uma greve ao som de comentários como: “Vão estudar!” “Não se faz mais estudantes como antigamente...” “Esses meninos são um bando de baderneiros, não sabem nada da vida” e etc, etc, e etc: vindos de professores, da sociedade e até, infelizmente, de outros alunos. E assim como disse ontém o 'digníssimo Paulo de Tarso - que a greve no RN é inválida e inócua, era desta forma que rotulavam a nossa 'grevinha'.

Pois bem, em meio a tantos desestímulos verbais, nos vinham os estímulos reais: as aulas na sala de cartografia (de 2m² toda empoeirada), aulas debaixo dos pés de manga em frentes às salas de pedagogia, a falta de computadores, softwares, câmeras fotográficas – tudo era teoria pura em detrimento da prática tão necessária para a nossa qualificação profissional... Lembro que não tínhamos nem bloco. Como poderíamos ficar somente à espera de que as coisas pudessem melhorar? Se não melhorasse logo, logo estaríamos sem aulas (desta vez por falta de estrutura piorada).

Acho que ficamos 3 semanas sem frequentar as aulas (mas não parados – pelo menos três vezes por semana tínhamos atividades para mostrar à sociedade a nossa situação). E hoje, faz mais de 4 anos que, por conta dessa movimentação que fizemos, temos um bloco com salas de aula, uma rádio universitária, um laboratório de informática, câmeras fotográficas profissionais, uma ilha de edição, e até uma sala de multimídia (mini-auditório).
O curso agora está a mil maravilhas? Não, claro que não. Taí a nova geração que não me deixa mentir, aposto! Mas as necessidades essenciais, digamos que, foram supridas. Não somos pretensiosos! Mas não venham me dizer que todas as melhorias vieram de graça, assim porque apenas tinham de vir. Sabe-se lá até quando empurrariam estas nossas 'precisões' de alunos...? O que é que a necessidade extrema não faz? A greve, a nossa, só aconteceu porque não havia uma condição mínima para o decorrer do nosso curso. Para nós, a greve tinha caráter emergencial.

Agora eu pergunto aos estudantes da UERN: em quais condições se encontram a sua universidade?

Se os estudantes optarem por não se organizarem junto às demais categorias por uma educação pública de qualidade é porque, por pior que esteja, a situação ainda não chegou ao limite (será?). Se decidirem simplesmente esperar que as melhorias cheguem junto com o reajuste salarial dos professores, é porque os 800 reais anuais que os Centro Acadêmicos recebem é o suficiente para dar suporte às demandas de organização dos cursos. Se optarem pela não greve, é porque os laboratórios decadentes de várias faculdades que não permitem as aulas de disciplinas práticas está a contento; é porque os tetos das salas de aulas devem continuar desabando na cabeça dos que tentam uma formação de nível superior, é porque a coisa não está fedendo a ponto de causar uma justa-raiva, e principalmente, é porque os universitários têm a universidade sucateada que merecem.

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