Passano in frente a Catredal
Eu paro e sem pressa faço prece
- Óia o matuto!
Demoro no sinal da cruiz
O moço que passa do lado ri
Pruquê num consegue vê Jesuis
Êta moço chei de riqueza
Tem carro e relógio caro
Mas eu sendo muito franco
Acho ele um pobre coitado
Pois vejo a sua alma tão carente
Sem ter as alegria que tem a gente
Suas nuve são cor de cinza
Equanto meu céu é azul
Onde voa a asa branca
voa também os urubu
É que se convive em paz
todos os homi e os animais
Minha comida num tem veneno
Na minha mesa sempre cabe mais um
O ar que respiro é mais puro
A vida que eu levo é comum
E de noite a lua grandona vem espiá
Nossa canturia e nosso prosiá
O que me deixa incabulado é sabê
Como é que o home consegue vivê
Engaiolado no pulêro que ele escoieu
Num dá conta que a vida se perdeu
E que é ele escravo do dinheiro
Prisioneiro de tudo que é seu
Eu que num imagino acordá
Sem ouvir os parrarin cantá
Nas árvores de meu quintal
E nem perder o alaranjá do pôr do sol
Que os homi da cidade só vê em foto
De Tv, revista e jornal.
Me chamam de matuto, abestado
Num sou letrado, mas de intrometido
Falo que nem home sabido:
- Ocês que num me leve a mal
Eu mermo é que num vejo vantagi nehuma
De vivê nessa capital
2 comentários:
Mas que coisa fofa!! Vou mostrar pro meu avô. Ele faz cordel e já foi repentista nosso. Nunca fez profissionalmente, mas ele tem talento. Eu curti demais! Ele vai gostar!
Amanhã tem aula, né?? A gente se vê, Macabea!
Xerinho!
Não sei fazer cordel não, Mima, mas de vez em quando eu tento.. Me diz o quê que teu avô achou, viu?!
Bjo
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