sexta-feira, 24 de junho de 2011

Canção à Cristina

Em uma tarde como outra qualquer, eu tomo as dores de um homem no bar que reclama ter sido deixado pela mulher que ama. Inconformado ele xinga, berra, mas não adianta... O amor não vai embora num jumento desembestado, e sim, em uma mula que se arrasta sem noção de tempo. Enquanto isso, no bar:

- Que falem que é brega, que é cômico (se não fosse trágico), que é exagero ou desculpa pra se afogar em cachaça. Faço parte a Associação dos Homens que Sofrem de AMO (Abandono por Mulheres Ordinárias). Nosso sofrimento não é de graça. E tenho licença para  chorar minhas mágoas da forma mais sincera que eu tiver, que eu puder, que eu quiser... Pra expulsar esta inquilina ingrata do meu peito, eu juro, eu perco a cabeça, faço promessa, perco o respeito pela minha condição de macho alfa. Eu digo: eu quero é que ela sofra mais do que eu com um cabra que não faça nada do que fiz por ela... Quando na verdade: eu só quero é de novo essa mulher. Meu Deus, o que estou dizendo? Estou ficando louco! Você vai saber o porquê: Conto agora o meu sofrer por uma mulher que me faz padecer nessa vida Cretina. Eu vou dar a volta por cima. Essa é pra você, Cristina:

Você foi até onde achei que não iria
Chegou onde ninguém mais poderia
E num súbito desejo desconexo
Arrumou as malas e partiu

Depois de tudo que vivemos
Sem olhar pra trás
Não chorou, nem sorriu
Foi:
Como se vai comprar sorevete na bodega da esquina
Sua cretina!
Eu não vou ficar aqui a chorar...
Sou calango lagartixa, reconstruo a parte perdida
Que de mim você levou, Cristina!


Vá!
Mas fique sabendo, que mesmo querendo,
aqui em meu peito tua cabeça não mais descansará!
Vá!
Mesmo sofrendo, te amando, e morrendo,
aqui em meu peito tem um coração ainda capaz de amar!
                                                                          [De novo]
Vá!
Os copos do bar serão minhas testemunhas
Que perambularei por séculos neste mundo afora, mas ainda,
Hei de sorrir de tudo isso, e um dia serás para mim
apenas cretina,
Cristina.

2 comentários:

Mima disse...

Hahahahaha!! Quanto maior o xingamento, maior o vínculo, que permanece aceso, vivo, ardente no peito. É triste, mas essa história que o amor vai embora de mula sem noção do tempo é a mais pura verdade! E o melhor é fazer como o homem do bar! Sofrer até secar. =) Gosto muito dos teus textos! Muito, muito bons!

=*

Anônimo disse...

huahuahuahu, é aquela velha história "vou tentar te esquecer" e quanto mais se tenta mais se lembra, heheh, gostei viu :D e a analogia da mula é perfeita, huahuahua