segunda-feira, 6 de abril de 2015

Buquê

Dedicado às queridas Hionne e Ellen. Que tenham uma feliz vida juntas! 


A que nasce da pedra da serra mais alta,
A que nasce no buraco do asfalto
[numa rua vagabunda]
perto lá de casa.
É tudo flor, é a mesma.
Quando é cheiro de aconchego
Gozo e café bem passado,
É trilha sonora que vibra,
Cintila, dilata a pupila.
É flor que vira estrela,
Sol e lua dentro da barriga,
Do sexo, da virilha.
Quando a flor (r)existe
[porque só respirar é tão pouco]
faz querer dividir o que é melhor
em uma pra somar em outra
sem se importar com os outros.
- Comida sem carne!
Mais uma escova no banheiro.
E a decoração de natal
[Que sempre achara brega]
está lá: in-con-tes-tá-vel!
- Vamos comprar um karaokê pra sala?
Fizeram o mesmo corte de cabelo.
Tava tão claro nos sorrisos
O que estavam mais do que prontas
para anunciar:
A flor mais bonita,
O buquê do direito de amar iguais
Vencendo a dor e a negação
Dessa sociedade incapaz.
Quando o amor vence o medo,
É a celebração da vida,
A flor maior que o tabu!
E que venham mais dias
de beijos e desejos
além das páginas dos jornais.
Nos muros do preconceito
escrevam dias de paz
Na casa que escolheram
Para juntas serem mais.

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