segunda-feira, 6 de abril de 2015

Sororidade


Ontem quando olhei no espelho
Meu cabelo cacheou,
Minha pele era de toda cor´
E eu estava em toda parte do mundo.
Nas favelas e guetos
Nos mais altos andares
Nos quilombos de palmares
Que a gente finge não ver.
De repente, eu era a mãe que chora,
A feirante traída,
A viciada em crack,
A funkeira mal falada,
A agricultora ignorada,
A lésbica perseguida,
A mulher ensanguentada
Pelo machismo desta sociedade.
Eu me sinto as putas das ruas e as cafetinadas,
Bruxa carregando a fogueira dos olhares
De maldição desejada.
Cordeiras e lobas
Nas armadilhas, julgadas.
Na resistência, não mais caladas.
De repente eu me vi milhares
E continuava sendo eu mesma.
De repente eu me vi mulheres
E não me reconhecia mais
Sozinha.

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