quinta-feira, 14 de março de 2013

Ciranda


Se mil vidas eu pudesse escolher
Eu quereria esta,
Sem tirar, nem pôr!
Porque nela há o brilho dos seus olhos
Que também acreditam nos sonhos
Que os meus olhos vislumbram.

Se mil vidas eu pudesse dar, eu daria
Porque nela estão as suas mãos se unindo às minhas
Pela vontade de viver
E ver vencer – porque vencerá –
O outro mundo possível que queremos.

Se mil vidas me dessem...
Eu já as tenho!
Porque em mim estão todas as vidas
Que carregam a esperança que renasce
Nas lutas de todo dia: o amor!
“Eu sozinho ando bem, mas com você ando melhor!”

quarta-feira, 13 de março de 2013

O que eu gasto no mundo que eu quero ser


Que este corpo seja gasto.
Não apenas pelo tempo, pai- padrasto.
Não somente pelo corredor - corrimão.
Que seja gasto pelas noites que perderei
Contando estrelas
Conversando besteiras
Escrevendo versos inúteis.
Que meus pés sejam gastos pelas andanças que farei
Pelas minhas esquinas
Pela América Latina
Por cada pôr do sol que houver.
Que minhas horas sejam gastas da forma mais intensa
Sem receios, nem prestações...
Com os passos de dança não ensaiados
Com aquelas boas canções
Que não cantam só por cantar...
De um jeito em que não economize
Sorriso, mão estendida e prontidão para a luta.
Que minha vida seja gasta, consumida pela fome que terei
Enquanto houver gente com fome de comida
Enquanto houver gente sem saída
Enquanto este mundo for o mundo de não gastar de si em amor
Enquanto este mundo não for o mundo que quero ser.

sábado, 2 de março de 2013

Verdadeira comunhão


Se esta casa é pura demais,
Se é santa demais,
Se não cabe esta ou aquele...
Também não me cabe.
Eu me retiro!

Se não é para os famintos,
Para a mulher separada,
Para os homossexuais,
Também não é para mim,
Pois somos todos iguais!

Como posso ficar na casa
Que meu semelhante não pode entrar?
E se entrar é com reservas,
Com diferenciação de tratamento,
Pra não manchar a santidade do altar...
Pois se Cristo se encontra no olhar
Daquele que a sociedade diz não,
Como eu posso me negar?!

É nas ruas que me faço vida.
É dos excluídos que me vem o pão:
Pra partilhar, anunciar e celebrar o mundo novo,
Onde se possa fazer verdadeira comunhão!