segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Plenitude


Não sei o que me passa
Se passa ou se fica
Que medo me dá...

Terei eu mãos para arrancar-me de ti?
Que forças terei para fugir-me?
Qual será o tempo de compreender-me?

A porta está aberta.
Estou entrando ou saindo?
Meus olhos estão fechados
Estou acordada ou dormindo?

Desta forma de não se ter,
Quando, finalmente, alcançarei
A plenitude do ser?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sam(bar)

Eu não toco instrumento
Posso não ter vozeirão pra cantar
Mas, no pé tenho sentimento
Quando o samba se faz entoar

Não tenho a cor da mulata
Nem a beleza da rainha da bateria
Mas minhas ancas não se intimidam
Dou meu ritmo e minha energia

Meu coração acelera
Meu corpo responde a dançar
Uma só ordem impera:
Não posso parar de sambar!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Coração

São quatro paredes
E dentro, um colchão
Não há mais nada
Nesta escuridão
Que já foi casa
Hoje é porão
Não há porta de acesso
Nem sei por onde começo
A reconstrução

Não me venha falar de amor!


- Vamos falar de uma coisa, meu caro.
- Que coisa?
- Uma coisa que as pessoas costumam usar para atribuir valor a outras coisas, lugares, pessoas... Uma coisa que é complexa, mas que é simples; que é abstrata, mas que podemos tocar; uma coisa que traz frio na barriga, alegria...
- Estamos falando de...
- Prazer!
- Mas eu pensava que...
- Não pense, querido. Aliás, pense... No que mais eu poderia estar falando? O que poderia ser mais importante do que algo que nos preocupamos tanto em cultivar, em ter mais e melhor? Não confunda as coisas... Amar é um prazer, mas a crueldade do amor é nos fazer acreditar que será prazer eterno. As outras coisas não, não nos enganam. Sabemos que os prazeres passam e que não nos levarão para o inferno.

*Este texto não é da Macabéa de La Mancha.

Samba do rio

O que foi e o que será
O que se perdeu e o que se encontrará
Rio que corre e carrega
Carrega essa tristeza e a vontade de chorar
Corre rio, corre, e me leva!
Rio que corre, um dia, chega no mar...

Ó, mar...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Versos solares


Em mim, o poema não nasce,
Ele rompe
Feito sol:
Com luz intensa,
A ponto de cegar
Quem pensa
Que pode viver sem.
Mesmo que se ponha
Uma vez que suponha
Que te leva uma parte quando vai...
Enquanto você dorme e sonha,
O mundo gira,
E ele volta
E traz de volta
A força, o calor e a paz!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Felicidade



Vem em passos tão suaves
que não escuto.
Por isto, não sei de onde vem,
mas eu sinto
seu pisar como nuvem.


As coisas ao redor ficam mais bonitas
Os dias, as horas, a vontade de viver...
A rosa se refaz com pétalas viçosas
E as pessoas param nas ruas
só pra ver:


A mudança de casa, de gente e de amor.
Um amor por dentro, que é precioso.
O amor que está guardado e aguarda
o olhar delicado que cuide
e que não queira tirá-lo de mim.


Eis a felicidade de amar a si.