quinta-feira, 30 de junho de 2011

Confissão

Me afeta tua falta de afeto
E exponho aqui neste verso
Que não tenho em mim nenhum deleite
De reclamar o vagão vago no peito
Que me efetiva teu amor [de enfeite],
Confesso.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Canção à Cristina

Em uma tarde como outra qualquer, eu tomo as dores de um homem no bar que reclama ter sido deixado pela mulher que ama. Inconformado ele xinga, berra, mas não adianta... O amor não vai embora num jumento desembestado, e sim, em uma mula que se arrasta sem noção de tempo. Enquanto isso, no bar:

- Que falem que é brega, que é cômico (se não fosse trágico), que é exagero ou desculpa pra se afogar em cachaça. Faço parte a Associação dos Homens que Sofrem de AMO (Abandono por Mulheres Ordinárias). Nosso sofrimento não é de graça. E tenho licença para  chorar minhas mágoas da forma mais sincera que eu tiver, que eu puder, que eu quiser... Pra expulsar esta inquilina ingrata do meu peito, eu juro, eu perco a cabeça, faço promessa, perco o respeito pela minha condição de macho alfa. Eu digo: eu quero é que ela sofra mais do que eu com um cabra que não faça nada do que fiz por ela... Quando na verdade: eu só quero é de novo essa mulher. Meu Deus, o que estou dizendo? Estou ficando louco! Você vai saber o porquê: Conto agora o meu sofrer por uma mulher que me faz padecer nessa vida Cretina. Eu vou dar a volta por cima. Essa é pra você, Cristina:

Você foi até onde achei que não iria
Chegou onde ninguém mais poderia
E num súbito desejo desconexo
Arrumou as malas e partiu

Depois de tudo que vivemos
Sem olhar pra trás
Não chorou, nem sorriu
Foi:
Como se vai comprar sorevete na bodega da esquina
Sua cretina!
Eu não vou ficar aqui a chorar...
Sou calango lagartixa, reconstruo a parte perdida
Que de mim você levou, Cristina!


Vá!
Mas fique sabendo, que mesmo querendo,
aqui em meu peito tua cabeça não mais descansará!
Vá!
Mesmo sofrendo, te amando, e morrendo,
aqui em meu peito tem um coração ainda capaz de amar!
                                                                          [De novo]
Vá!
Os copos do bar serão minhas testemunhas
Que perambularei por séculos neste mundo afora, mas ainda,
Hei de sorrir de tudo isso, e um dia serás para mim
apenas cretina,
Cristina.

O homem - Ao Manuel Bandeira



Catedrais -Parlamentos
Concreto- Asfalto
Cidade-Cimento
Cenário onde habita

O Homem

Eu o vi
Estirado na calçada
Escracho
Escarro
Veneno
Despido de calor
              [Humano]
Coberto pelo lixo

O homem, meu Deus, era um homem?

O homem, meu Deus, era um bicho!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Validuaté #Dica


Um amigo que vive procurando coisas boas na net me apresentou ao Validuaté - Banda Piauiense talentosa, que faz uma música do caralho, e ainda é engajada. Genteeee! Eu estou viciadaaaa! Muito bom! Alegria girar é o nome do álbum que estou ouvindo agora.
Trabalho super original, mas que não posso negar que me faz lembrar as letras loshermanísticas nas faixas ‘eu preciso é de você’ e ‘birras’, temperadas com o teatro do Cordel do Fogo Encantado como em ‘A lenda do peixe francês’ - e recheado de variações musicais como maracatu, samba e rock – ‘tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu’ - como na Nação Zumbi no 'O Hermeto e o Gullar' , o Validuaté é uma mistura sonora que consegue ser poética e coloquialmente bem-humorada através de expressões como ‘paia’ e ‘mototáxi, entre outras do nosso dicionário nordestinês atual, e situações bem próximas da nossa realidade. E a participação de Zéu Britto em 'Bruta como antigamente' (que eu percebi sem ter visto no google) abrilhanta ainda mais o trabalho da banda!
Fica a dica pra quem gosta de música boa!
#Validuaté em Mossoró, please!

Confira o blog: http://validuate.blogspot.com/
http://www.myspace.com/validuate


 
 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ofício de poeta - Proposta em construção

Algumas reflexões sobre o ofício do poeta - poetisa. Alguma contribuição? Adoro a práxis dialógica. Sou essencialmente construtivista. Então eu pensei: porque não construir poemas coletivos? Vamos testar!

Sob o julgo da pena
Recai o peso de todas as noites
E os amargos dissabores
Ganham ainda mais penar
Sou poeta do desgosto
Que eu não sei silenciar

A palavra rompe, então,
A noite, o peito, a solidão.
Expõe minhas vísceras
E desfaz o que está feito.
Não me deixa faltar o alimento
Do corpo, do espírito e do coração.


Sendo poeta, sou o mais perfeito
(Des)encontro de caminhos em contramão.
Sou armadilha de mim mesmo.
Sou as dores, as palavras e a contradição.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Seu nome é povo




Chamam desordeiros

Os que carregam faixas

Atitudes e palavras

Que chocam o sistema.


[Pretos, amarelos e índios!]


Chamam desordeiros

Os que entram na batalha

De cabeça erguida

E consciência inflamada.


[Pobres, mulheres, famintos!]


Chamam desordeiros

Os que se indignam

Os que hasteiam bandeiras

De liberdade, justiça e paz!


[Jovens, velhos, homosexuais!]


Estão na rua

Clamor em voz alta

Até os surdos escutam

E a TV não diz nada



Chamam desordeiros

Mas seu nome é povo

A luta é direito

De fazer um mundo novo!

 
#ForaMicarla
#ForaRosalba
#MeuRNmelhor!

18.980


3.179.546 passos caminhados
de mãos dadas
 3.380 lágrimas choradas
de dor compartilhada
e alegria dividida
18.980 manhãs acordadas com beijos
e café quentes
Entre partidas e chegadas,
18.980 noites dormidas
no repouso do mar do outro,
o lar, a vida.
52 anos de casados.
Quanto de amor se terá amado?
Nunca se saberá.
Amor é sem medida:
Não se pode calcular.

Ao jardineiro






O amor necessita ser cultivado.

E eu não te vejo cuidar do jardim.

- É que eu sou pura Primavera, ai de mim!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

À menina que passava na rua

Vinha como visão
E para o meu deleite
O tempo ficou parado
Ela então me roubou

Com flores

Flores por toda a parte
No vestido estampado dela
No cabelo perfumado dela
Sem querer, um sorriso
                  [Sorriso pedido de casamento]
Eu sorri pra ela

A mulher que eu amo

A mulher que eu amo irradia
Flutua nua por onde passa
E não há coisa que faça
Que não embeleze meu dia

A mulher que eu amo dança
nos salões, ruas e praças
E não há quem não se envolva
Com seu sorriso de graça

Ela gira, rodopia, reinventa o amor
no bar, no meu trabalho, na minha casa
E não há quem não perceba
Que eu estou e sou para ela, que passa

Ela maltrata se distribui gentileza
quando me olha, nem nota
E não há como odiar a indiferença
Se não sabe do amor que este pobre lhe devota

Charada dos Loucos - Ao meu querido Dom Quixote

Somente a mente sã

É capaz de enlouquecer.

Perdida a mente vã

Que se dobra aos paradigmas,

Dogmas,

Imposições.


Distintamente,


Os intempestivos são.

Loucos nadam contra corrente,

Questionam,

Sentem.

Viva a louca mente

Sã.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Espelho




A gente desconfia
da sombra
da lombra
das ruelas e esquinas
dos meninos e meninas
E nem imagina
Que a veste maltrapilha
Cobre um bom filho
Um pai de família
Uma mulher descente
A gente tem medo de gente
E nem desconfia do espelho

Legião - Música, poesia e cinema e Amor

Fabrício Oliveira fará o papel de João de Santo Cristo


Primeiro a notícia de que FAROESTE CABOCLO - A história de João de Santo Cristo interpretado por Fabrício Oliveira (foto) e com Ísis Valverde no papael de Maria Lúcia se preparando para a telona. Em seguida, SOMOS TÃO JOVENS - longa que retratará a adolescência do querido Renato Russo. E agora, EDUARDO E MÔNICA - numa produção promovida pela VIVO (Gente, eu não sou de fazer propaganda de nada, não, mas que foi uma - desculpe a palavra - PUTA sacada, foi!) que contará a história de um dos casais mais queridos do Brasil.

Então, um VIVA ao Legião Urbana, sua música, sua poesia, ao bom cinema nacional e aos namorados que celebram o AMOR todos os dias - independete do estímulo do marketing capital.

Abaixo, o clipe - Eduardo e Mônica (pela VIVO)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Eu canto porque...

Eu canto porque
minha alma é ritmada.

Pelo compasso de todos os passos
Pela melodia da passarada
Sou capella dos meus apelos
Não sou acústica de nada

Sou, sim, concerto dos meus erros
Em uníssono cortejo
De energia em harmonia
Da cifra decifrada.

Eu canto porque tenho sede
de tudo que transcende
Respiro.
Eu canto porque vivo.
E o meu canto ecoa no universo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

[Des]amada

Puseste-me na cama.

Apagaste a luz.

Eu pronta para ser despida

Cobriste-me com um cobertor

Sou menos mulher

Fez frio a noite toda.