quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Apito de trem


Os poemas são entregues
Cem olhos, peitos, queixos, coxas
E mãos beijadas.
Em noites ensolaradas,
Nos dias que não tem fim,
O poema se dá
Cem léguas,
Sem tréguas,
Nem pressa alguma de partir.
Feito canção,
Feito recado,
Feito grito silenciado,
O poema não tem chão ou telhado.
Quando perdido, é achado.
Nos trilhos ou no vagão vazio.
Tem tamanho certo e medida de trem.
Chega apitando a partida e o regresso
Da alma que o nosso corpo tem.
Piuiiiiiiiiiiii!
Frooooommmmm!
Piuiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O poema e o seu valor


Os poemas não valem mais.
Aliás, quando foi que tiveram valor?
Sempre fizeram gemer os mortais,
Mas nunca os salvaram da dor.
Os poemas são restos de gente,
Pedaços descabidos de gente que sente
E de tanto sentir, morrem
Sem ter escrito, de fato, o que deveras sentiu.
Para escrever, é preciso estar atento.
Pescar no ar as coisas que fazem bulir os olhos
É preciso enxergar o que vem de dentro,
É preciso encontrar-se com a paz.
E neste mundo tão barulhento,
O silêncio de um poema vale cada vez menos
Quando é deste subterfúgio que se precisa cada vez mais.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Flerte!


Se a alguém interessar possa
Estes versos de graça
Que o meu sorriso esboça
Quando eu passeio pela vida leve,
Leve!
Leve ao som de uma bossa
Velha, boa, nova...
Essa moça que te escreve.

Ode à Hipocrisia


A hipocrisia é uma maldita
Bem vestida e recatada.
Fala pelas costas quando não deve,
E quando tem que falar, fica calada.

Os hipócritas batem palmas
Aos discursos do jornal.
Apoiam todos os julgamentos.
Dão vivas aos bons costumes, à boa moral!

A hipocrisia é veneno que escorre
Da boca refém da aparência:
Sorri um sorriso amarelo,
E chora por conveniência.

É, assim,  uma terrível doença
Que se alastra de forma fatal:
Mata a justiça e a caridade
É a porta de toda mal.

A hipocrisia é falsa vida.
É a cartilha que nos oprime.
Só quando caírem todas as máscaras
É que seremos homens e mulheres livres!

A pausa e o pouso


Parei tudo o que estava fazendo.
Vi que o passarinho pousou.
Não é que, de repente, o céu ficou mais azul?!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

À caminho


Onde você mora
Tem o céu donde vejo a lua
Que de vontade, me devora:
De ter os seus carinhos,
De te ver dormindo,
De te ter a toda hora.

Teu país precisa de ti,
O meu país me adora.
Como fazer para esbarrar nossos desejos
Na longa estrada que nos separa?

Quando alguém nos quer bem
Não se pensa em demoras,
Adiantam-se as horas
Do encontro dos lábios,
Dos átrios, das catedrais em nós
Com pressa de ficarmos sós e de nos proteger
Da distância, da solidão, da falta de amor
E do caminho que se tem de percorrer.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Carnaval


Eu quero é que meu corpo queime.
E em chamas eu faça o mundo todo arder
De alegria, de amor e de prazer!