quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Antes do fim do mundo


Hoje é um dia feliz.
É teu sepultamento.
Leia pausadamente:
Eu não te quero mais!
Pensei que nunca diria isso
Com a verdade que digo agora.
Mas chegou a sua hora:
Adeus, pra sempre!
Vai em paz!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mais amor, por favor!


O que você ganha
Quando julga, condena ou aponta o outro?
O que somos, senão, tão passíveis de erros quanto?
O que você ganha
Quando um pobre apanha?
Não sente sua dor, não te comoves, não te estranhas?
O que você ganha tendo mais que o irmão?
Um lugar melhor no céu, se vão tudo pro mesmo chão?
O que você ganha com tanta intolerância, tanta indiferença?
Não há maior violência do que deixar faltar:
Na mente, o saber. Na mesa, o pão. No peito, o amor e a indignação.
Faço então a minha oração: menos vitórias e derrotas.
Menos corridas e competição.
Faz favor, por amor! Mais amor, por favor!

Sobre o que importa


Nós somos irmãos. E mal conseguimos conversar. Em menos de 20 minutos, os nossos ideias se sobressaem. Você fala dos dogmas, das regras, do certo. Eu falo de política, de transgressão, contramão. E nos deixamos, então. Não desfrutamos das risadas, da camaradagem, dos caminhos. Você defende as paredes. E eu digo que as paredes estão podres, mas, infelizmente não estão mortas. As paredes vivem e te prendem. Creio que chegará o dia em que estaremos do mesmo lado, sem lado nenhum, como um, vivendo o mesmo mundo. O mundo novo. Aquele que Cristo tanto falou: Onde reine nos corações, o amor. E somente o amor. Não o amor de doações de brinquedos e comida no Natal. Não o amor das trocas de presentes. Não o amor líquido das liquidações que duram uma noite, dois dias ou o tempo que dura a serventia de alguém na sua vida. Falo do amor que não existe na desigualdade. O amor que não alcançamos ainda. O amor que desfaz as armaduras, nos deixa nus e livres. É o amor que importa. O resto não importa. Amar é preciso...




domingo, 25 de novembro de 2012

Juazeiro humano do sertão


O poeta Antônio diz
Que é de ficar admirado,
Passar pelo sertão tão seco
E ver o juazeiro copado.
Símbolo da resistência
Do nosso semiárido.

Eu digo que mais resistente ainda
É o camponês dedicado
Faça chuva ou só faça sol
Não descuida do seu roçado.
Ama sua terra, sua lida,
A vida simples que é acostumado.

Ainda assim, há quem diga
Que o homem do campo
É um pobre coitado.
Sem saber da alegria
Que é fazer brotar a vida
Como fruto de seu trabalho.

Seu Carlinhos fala valente:
“Aquele pé de goiaba,
o de siriguela, acerola e limão,
Nós regou com suor, nós plantou com nossa mão.
Agora não dão valor ao que eu faço
E querem tirar o meu chão!”

Dona Ica fala mesmo:
“Da minha casa eu não saio, não!
Daqui eu só saio arrastada!
Se a sorte está lançada,
Seja qual for o meu quinhão,
Ao projeto do DNOCS, eu digo não!”

Resiste o homem do campo
Mantém firme a sua fé
Porque “Antes de tudo, um forte”
Sabe o valor que é
Ser contra a exploração e a morte
E pela vida se manter de pé!

Sendo os agricultores
O juazeiro humano do sertão
Façamos também nós, a defesa
Perante a tentativa de extinção
No território camponês,
Agronegócio não põe a mão!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Os homens de papel


Os homens de papel
Não podem se molhar
na chuva santa que cai do ceú,
nem nas ondas brandas do mar.

Os homens de papel
assinam, carimbam,
preenchem e reconhecem firma.
Mas não podemos olhar nos seus olhos,
nem confiar em suas rimas.

Os homens de papel
não sorriem, nem choram.
Só acreditam no que podem tocar...

"Se o essencial é invisível aos olhos",
Infelizes dos homens de papel
E de suas vidas desfeitas no ar.


E no meio de tanta gente...


E no meio de tanta gente,
Esse teu quase rir, menino,
Me abriu caminhos florais.
De uma manhã rompendo pulsante
As noites de meus dias iguais.
Esse teu frescor, meu rapaz,
Trouxe de novo a vontade de ser mais
Bailarina, andarilha, menina, mulher.
Me faz bem e mal sabe o bem que me faz.
E no meio de tantas gentes iguais
Esse teu meio riso
Desperta um sentimento fugaz:
De ver o sol se pondo no cais,
De experimentar teu riso inteiro,
E tentar um pouco de paz.





segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Essencial


Areia.
Pé.
Uma coisa só.
Areia, pé,
Água e sal.
Sol.
Abraço substancial.
Encontro cósmico,
Essencial:
Areia, pé, água, sol e sal.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Madrugada


Eu quero um cigarro,
Eu quero o ócio.
Ver a sombra cinza se espalhar no escuro
Enquanto o pensamento se desfaz.
Eu quero não escrever uma linha a mais.
Um gole de cerveja, uma dose de paz.
Posar na janela.
Esperar que alguém me veja.
Pensar em nada que não seja
A música que a noite toca
Na ponta de cada estrela,
No céu da minha boca
Que engole sonhos
E devolve uma justa ira ao ar...
Que vida!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Meu bem


Oi, meu bem!
Já nem sei se te chamo assim
Como chamo a qualquer um
Que chega de manso em mim.

Oi, meu bem!
Teu lugar na minha cama esfriou
Hoje nem sei mais se estou
Tão disposta a fazer amor.

É, meu bem!
Me parece que o tempo passou
Que o que havia entre nós, caducou
E se esqueceu de nos avisar...

Ó, todo o bem no mundo não há
De sobreviver à ingratidão
Fica o medo de se entregar.

Bem, creio que já posso falar
Desconfio que o coração, sofrido...
Tenha desaprendido a amar.

sábado, 11 de agosto de 2012

Come on


7 e 8 e... Venha, vamos lá!
Aperto o play e me jogo no chão com a Janis.
Pedaços do meu coração por toda parte, blues!
Seguindo assim o som do sangue que jorra
Dos sonhos jogados fora
Dessa que não sabe ser diferente!
Pedaços do meu coração por toda parte, blues!
Não me importa quantas vezes ele será quebrado
[quantas vezes eu puder]
Farei uma canção para dizê-lo
E estarei pronta para quebrá-lo novamente!

Coisa de palavra

Palavra não se reprime.
Palavras são vasilhames de nós
Vogais e consoantes de nós.
Mas quando dizê-la significa
espalha-las ao vento,
penso que é melhor tê-las
como estrelas de um poema.
Porque ser vento no coração
de quem não é capaz de ouvir as estrelas,
não é coisa de palavra

domingo, 5 de agosto de 2012

Pronome singular


Eu quero mais.
Tu és quem mandas.
Ele é quem faz.
Vós dizeis o que desejais.
Eles obedecerão sem questionar.
Que pronome falta conjugar?
Somente o nós.
Não os nós do individualismo
e da opressão,
da falta de consciência
e de mobilização.
Mas, o nós.
Pronome singular.
Porque só quando nós formos por nós
É que ninguém poderá contra nós.
E o povo prevalecerá!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sobre dormir ou viver


Eu não posso dormir.
Não, agora!
Pois a hora de dormir
É quando não mais se chora.
E eu só saio daqui quando for a hora:
Ocupar e resistir!
No máximo descansar o corpo,
Mas a alma, não!
Esta, vigora!
Sonha luta,
Acredita luta,
Respira luta,
Vive a luta!
E me saberei vivo,
Quando estiver sem forças.
E recuperarei as forças,
Se me manter vivo.
Eu não vou dormir agora.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Saudade sentida


Os meus olhos fechados
Vêem seus olhos pequenos me vendo
Janelas donde eu via o mundo mais colorido,
Donde a lágrima, agora, vai c a i n d o...
Na minha boca, que sente o doce do teu beijo
em meus lábios tão ressequidos
pelo adeus que não demos.
E os meus ouvidos me enganam,
de ouvir sua voz rouca
e as suas risadas das minhas coisas bobas!
O seu cheiro ainda tem na minha roupa,
na rua, no livro que me deu.
As minhas mãos encontram as suas e eu...não!
Não são as suas mãos.
Não ter o teu colo, teu bem, meu bem,
É por nenhum outro colo e bem me contentar
Saudade sentida é, então, aguçar os sentidos
para ter por perto quem não está.

domingo, 22 de julho de 2012

Eu, ligo o meu raidinho
E danço de rosto coladinho
Com o sorriso miudinho
Os ollhinhos fechadinhos
Passinho por passinho
Você não passa mais!
Vai ficando e ficando
Me deixando pianinho.
Vai assim, devagarinho,
Ganhando todo o meu carinho,
O meu mais doce beijinho
Quando me desperta nas manhãs.
A música toca o dia todinho,
todinhas as horas,
Bem aqui no meu raidinho
Aí eu vou de pouquinho em pouqinho
Juntando todos os inhos...
Quem sabe o fim de uma canção?
Quem sabe, meu rapaz?
Vou cantando bem baixinho
No seu ouvidinho
O tum tum que meu coração faz
Se colar no seu raidinho
A gente dança um pouco mais.

domingo, 24 de junho de 2012

Ser passáro


Quando tudo me pesa,
e a vida não passa
de um simples passar de horas,
Encontro sentido na caixa do peito.
Uma música toca.
E me conta das asas que tenho.
Minha alma se desprende do corpo
e se faz livre.
E tudo me pertence.
Porque tudo me é:
Árvores, céu, mar, o dom de voar!
E não há como não ser leve.
Não invejo os pássaros,
porque sou um deles.

sábado, 23 de junho de 2012

Os poemas que não faço.


Morreram todos os poemas.
Sobrevive esta carcaça
E seu arrastar de dilemas,
teoremas e conspirações.
Beijo porque tenho boca.
Danço porque o corpo obedece o compasso.
As pessoas julgam o meu sorriso
E pensam que eu sou de aço.
Resta em mim, a boemia,
O culto a todas as coisas que passam.
Fica em mim, então, a poesia
Dos poemas que não faço.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Carta de adeus

Do fundo do meu coração: Não volte mais pra mim. Acabe com essa droga de uma vez! Não volte nunca mais... (Do fundo do meu coração - Adriana Calcanhoto) Hoje deu vontade de te escrever. Despejar meus rios em papel. Deixar que caia cada lágrima que tenho guardado - borrando o pretume dos olhos e o vermelho do batom. Guardar essa imagem. E lembrar tudo que você me fez. Que é pra ver se construo um manual de erros que cometo toda vez que penso que você pode voltar. Estupidez! Quem foi não volta! Quem fica deve ir também. Eu poderia escrever sobre o que de bom está em minha volta. Mas hoje eu preciso cuspir na sua cara. Te desejar bem longe de mim. Nestas linhas, toda a minha sensatez. Covardia não me convém. E nem sei eu agir de má fé. É sim, meu coração frágil demais. Vá embora de uma vez, se não é capaz de vencer o mundo por mim. Um dia eu estive em suas mãos e o meu bem mais precioso foi seu. O meu amor foi todo seu. Não mais todo. Um dia, não mais. Então, me faz um favor! Vá embora de uma vez se não é capaz... De ser do tamanho que eu sou. Vai, me deixe ganhar o mundo e encontrar mais de mim em quem pode, com toda a verdade, me fazer feliz. Se você toma estas palavras como insultos e se isso te faz desistir, é que estou certa! Vá embora com o seu pouco amor. Amor pra mim é grande, não cabe em si. Menos que isso é birra, vaidade, egoísmo. E eu só aceito amor. Sem amor, adeus!

sábado, 5 de maio de 2012

No meu ritmo!

Sonhei com você Mas não vou perder meu tempo Contando que sorríamos felizes Que tínhamos a cumplicidade de antes... O que tinha de ser se perdeu Quando você decidiu me dar adeus Adeus! Sonhos bons uma hora acabam E a vida é boa também, Não há porque continuar dormindo. Minha vida começa a cada abrir de olhos Uma vida nova todos os dias. Hoje eu sou tão eu Que enxergo o mundo ao meu redor E sigo o ritmo que pulsa dentro de mim. Está ouvindo? Todos podem ouvir! No meu ritmo! Sonhos não atrapalham: são nuvens que chovem E vão embora depois de cumprir seu papel. Límpido, arco-íris, logo, se colore o meu céu.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Eu sou palco e camarim. Quando palco, eu suporto tudo! Sou forte, sorrio e aceno, sim! Mas é no fechar das cortinas Que eu corro pra dentro de mim. Ninguém pode ouvir meus soluços Quando sou camarim.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fênix

Havia um vazio em meu coração. Mas, lá no fundo havia uma pequena reserva de amor. Que alguem veio e... Quando eu menos esperava, onde estava? Fui roubada! Saiu às escuras. Sabe duas vezes vazio?! Então... De frente pro espelho A lágrima desce quente e silenciosa. Deixo que caia Até que a fonte seque. Arrumo os cabelos E me preparo para guerra Como quem prepara uma vingança. O rosto limpo, um sorriso alívio, Os olhos queimando! E percebo: acabo de entrar em auto-combustão. Precisava esvaziar-me para me tornar cinzas. Como é bom ser cinzas. Só sendo cinzas para poder renascer.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Fôlego


"Da primeira vez quem sugeriu,
Eu sei, eu sei, fui eu.
Da segunda quem fingiu
Que não estava ali também fui eu.
Mas em toda a história,
É nossa obrigação
Saber seguir em frente,
Seja lá qual direção.
Eu sei.
(...)
E te peço, me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada de amor
Faltou o ar,
Faltou o ar.
Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá, e foi pra lá."
(Assinado eu - Tiê)

Neste mundo, parece que somos todos náufragos. Em alto-mar. Desejamos encontrar terra firme. Nos desesperamos de só enxergar água por todos os lados. Para onde ir? Esperar a chuva? Deixar a onda nos levar? Sabe-se lá se vamos encontrar um bote salva-vidas ou um navio pirata... É preciso procurar a direção. E quando avistar terra - ilha ou continente - fazer pausas estratégicas para recuperar o ar. Quantos dias e noites verei sóis e estrelas sem tocar o chão, eu não sei.  Hoje eu peço fôlego. Escolhi nadar.

*Novos eus vão surgindo, novos poemas se construindo, assim, meio que ainda pedindo fôlego pra nascer. E é nadando que vou fortalecendo músculos, cabeça e coração, poemas e decisão. Vamos lá, Macabéa! O mar é grande! :)


quinta-feira, 12 de abril de 2012

De repente


*Você não poderia surgir agora
Você nem deveria me olhar assim
Alguma coisa diz que é pra eu ir embora
E outra diz que eu quero você pra mim..."
(Roberta Sá - Você não poderia surgir agora)

Você chegou de repente
E, de repente, se fez constante,
Um presente.
A noite passei a chamar teu nome
E desejar seu beijo quente.
Querer te contar meu dia.
E apertar meu peito, quando ausente.
Assustei-me!
E menti: - Não me ligue, não me faça feliz!
Por medo de te amar,
Neguei o bem que me quis.
Mas é tanto o bem que me faz,
Que em segredo...
Sorrir ao acodar, eu sou capaz!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Um poema por dia

Eu te escrevo um poema por dia, mas é segredo!
Eu te escrevo um poema todo dia na intenção de que minhas palavras te alcancem.
Não para que tenhas lembranças minhas,
Mas para que um sorriso te venha sem motivo
E uma borboleta pouse em teus cabelos...
Para que sintas o cheiro de capim santo - que deixa tudo tranquilo
Depois do banho da noite, antes de dormir.

Eu te escrevo um poema por dia para agradecer estar vivo
E pelo simples motivo de poder fechar os olhos e te ver.
Isso não me basta para as incuráveis horas de saudade,
Nem para as noites de desejos sem fim.
Mas me vale para escrever meus versos -
nos muros, nos livros velhos e em mim.

Poço feio


Eu vi o olho d'água parecendo ninho:
Tudo em volta era passarinho
Querendo bicar goles de vida.

A luz dos seus olhos pequenos


Tenho febre,
Meu corpo arde,
Queimo de saudade.
E as paredes falam comigo.
Elas tem a sua voz rouca,
O seu cheiro doce,
E o seu sorriso de fim de tarde.
Mas os seus olhos pequenos...
Eu não os vejo!
Onde estão?
É esta solidão que aumenta o meu desejo
Do seu toque.
Só quando desperto do quase delírio, eu choro.
Porque nem em meus pensamentos
Eu não encontro a luz...
Dos seus olhos pequenos.

Presente


Penso que se tivesse a poesia não teria partido.
Penso que desejarias a vida, ao invés da morte.
Deveria ter te presenteado com um de meus livros.
Com toda certeza, conversaríamos sobre versos
E não sobre inferno e céu.


#Saudades!

Trânsito


No estranho momento das coisas paradas
Cegas,
Surdas...
Eu vi o mundo e ouvi o seu apelo.
Então, no meio do trânsito
O mundo inteiro respirou aliviado.
Um trégua!
Me traga água, por favor!
Por instantes senti que fazia parte do universo.
Compreendi.
Mas o sinal abriu, a buzina apitou!
E eu me perdi do cosmo.

Dimensões


Não acredite em minhas palavras
Sobre metade delas, hesite
Não faço por mal, mas é que sendo poeta
Não meço o peso das palavras que saem de mim...

Veja se há coesão:
Todas as coisas pequenas são tão grandes
Que as grandes já não cabem no coração.

Então, eu confundo todas as coisas
Sem distinguir espaços, tamanhos, momentos...
Posso amar um amor grande em segundos
E um amor pequeno por todo o tempo.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Descoberta


Um arrepio,
Meu corpo arredio
Com medo de se perder
Na coberta.
É cheiro novo,
É gosto novo,
Que até, então, desconhecia,
Mas, na certa:
Um beijo a mais
E eu não vou saber dizer não.
Vou me entregar, sem alerta,
A você,
A mim,
A esta doce descoberta

terça-feira, 3 de abril de 2012

Te dedico

Ouça a música que te dedico
E chore.
Chore de saudade,
Uma saudade boa
Que doa no peito:
Uma dor que te faça sentir
Vivo.
Viva, mas ouça a musica que te dedico
Todas as manhãs, quando acordo
E choro.
De uma falta tamanha
Que em meu peito arranha
E me faz saber que estou
Viva.
É só pensar em você...

Desilusões...


Um dia eu amei, ah, amei...
Como não podia amar, ah, amei...
Só depois eu percebia:
Amar sozinho é covardia
Como pude me enganar?

Onde eu vou derramar
O amor que em meu peito há?
É amor de fazer falta o ar
Que não encontro a quem entregar
Como posso acreditar?

Se um dia eu amei, ah, amei...
Como não podia amar, ah, amei...
Um amor de fazer falta o ar
Onde posso derramar?

Só depois eu percebia
Amar sozinho é covardia
E o amor que em meu peito há
Não encontro a quem entregar

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A vida como ela é


Uma criança brinca livremente no parque.
Um abismo profundo logo mais à frente.

Um desencontro no tempo, uma desatenção ou atenção a mais,
E lá se foi o momento.
Como a vida é fugaz...

Ora se vive a felicidade, dormente
Ora se cai no abismo da infelicidade, ciente.

Veja de quanta efemeridade é capaz:
A palavra dita, a decisão tomada é flecha atirada,
é vida partida que não volta atrás.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Axé


Que toquem todos os tambores!
Sacode, terra! Gira, terra, na saia que eu giro!
Poeira, vamos fazer poeira!
... Com fogo vamos fazer ouvir o grito:
Da terra, da saia, das verdades e dos mitos...
Toquem, tambores! Toquem os corações.
Arreprios, assovios, sensações!
Somos o som do tambor
O pé na terra, a poeira ao redor.
É só sentir o som que bate latente:
Somos o que vale o pulsar dentro da gente.
 

segunda-feira, 26 de março de 2012

Botão

Deixe que o silêncio fale
Aquilo que o botão só revela quando abre.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Pessoalmente


À flor da pele
À pele, a flor
Minha flor, sua pele
Minha pele, seu amor.

domingo, 18 de março de 2012

Poeta-poema


Um poema não é fiel aos fatos, aos atos e nem aos pensamentos. Poemas não possuem donos, nem amarras, nem sentidos. Os poemas simplesmente são - sem precisar ser - decifrados ou queridos. As palavras vêm de assalto e o poeta só retorna a si quando o poema se dá por satisfeito. E enquanto não é perfeito, o poema é insistente. Que o diga o poeta que só ganha sossego quando o último verso é arrematado e quando diz o que era pra ser dito. Assim, como escravo daquilo que deixou ser, no seu ser, apossado, o poeta só ouve a voz que grita mais alto ao seu ouvido.
Estou farta de ser poeta. De ser escrava de poemas inacabados... Quero ser poema. Ser, simplesmente.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Pontuação


Ponto final e reticências:
Decisão - Acaso,
Condenação - Redenção.
Hei de desfazer os laços.
Começar outro conto,
Haja coração!
Que se ponha ponto final...
Porque agora sou reticências.
Virar de página.
Ninguém opta pela solidão.
E ponto.
Nas reticências, novo encontro...
A vida é cheia de pontuação!


sábado, 3 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Estrela


Os seus olhos de segredos noturnos
- gosto de pensá-los assim:
De segredos, os mais puros!
E noturnos por, talvez,
trazer o brilho que arde no escuro,
Do meu corpo em insensatez,
Do meu desassossego sem fim...
Porque diante deles eu não nego
Quanto desejo há em mim.




Umas palavras...


Eu tenho umas palavras
Guardadas aqui dentro
Que não sei dizer ao certo
O que elas querem dizer...
Tenho palavras certas para o pôr-do-sol,
Para banho de chuva,
E álbuns de recordações...
Mas, para você, as palavras que tenho
São essas que não sei dizer.
Porque não tenho o sentido delas:
Você o roubou assim:
Como me roubou o beijo
Como quem me roubou de mim.

Está por vir...

Você não merece
meu amor, minha prece
nem os versos que eu já fiz...
A gente só ama uma vez
Você foi tentativa infeliz.
Mais sorte, na próxima, talvez...
Vamos devagar, esperar o trem partir.
Você? Serviu pr'eu entender
que o melhor está por vir.

Está por vir...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um poema de Bukowski

Diz-me muito este poeta...

                                                                                                   ** Charles Bukowisk

A carne cobre os ossos e colocam uma mente ali dentro 
e algumas vezes uma alma.
E as mulheres quebram vasos contra as paredes 
e os homens bebem demais 
e ninguém encontra o par ideal mas seguem na procura 
rastejando para dentro e para fora dos leitos.

A carne cobre os ossos e a carne busca muito mais 
do que mera carne. 
De fato, não há qualquer chance: 
estamos todos presos a um destino singular.
Ninguém nunca encontra o par ideal.
As lixeiras da cidade se completam, os ferros-velhos se completam, 
os hospícios se completam, as sepulturas se completam, 
nada mais se completa.

Caixa de março


O que trazes primeiro
nesta caixa de março?
Agostos desgostos?
Dezembros de aço?
Então, não me tragas coisa alguma!
Deixa eu tragar este cigarro
De esquecimentos tão lembrados
Dos tempos ainda não idos
Que vão virando fumaça
pros ventos de janeiro levar.
Se quiser, pode ir direto aos Abris
E maios outonais
Junhos e julhos de inverno
Que se aquecem dos meus ais,
Estrelas do sul cintilando, febris.
Quando eu lembrar setembro
Me venha outubro, novembro
Com a saudade morando longe
E meu sorriso dizendo sim...
Então saberei de hoje, de amanhã, de mim...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Plenitude


Não sei o que me passa
Se passa ou se fica
Que medo me dá...

Terei eu mãos para arrancar-me de ti?
Que forças terei para fugir-me?
Qual será o tempo de compreender-me?

A porta está aberta.
Estou entrando ou saindo?
Meus olhos estão fechados
Estou acordada ou dormindo?

Desta forma de não se ter,
Quando, finalmente, alcançarei
A plenitude do ser?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sam(bar)

Eu não toco instrumento
Posso não ter vozeirão pra cantar
Mas, no pé tenho sentimento
Quando o samba se faz entoar

Não tenho a cor da mulata
Nem a beleza da rainha da bateria
Mas minhas ancas não se intimidam
Dou meu ritmo e minha energia

Meu coração acelera
Meu corpo responde a dançar
Uma só ordem impera:
Não posso parar de sambar!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Coração

São quatro paredes
E dentro, um colchão
Não há mais nada
Nesta escuridão
Que já foi casa
Hoje é porão
Não há porta de acesso
Nem sei por onde começo
A reconstrução

Não me venha falar de amor!


- Vamos falar de uma coisa, meu caro.
- Que coisa?
- Uma coisa que as pessoas costumam usar para atribuir valor a outras coisas, lugares, pessoas... Uma coisa que é complexa, mas que é simples; que é abstrata, mas que podemos tocar; uma coisa que traz frio na barriga, alegria...
- Estamos falando de...
- Prazer!
- Mas eu pensava que...
- Não pense, querido. Aliás, pense... No que mais eu poderia estar falando? O que poderia ser mais importante do que algo que nos preocupamos tanto em cultivar, em ter mais e melhor? Não confunda as coisas... Amar é um prazer, mas a crueldade do amor é nos fazer acreditar que será prazer eterno. As outras coisas não, não nos enganam. Sabemos que os prazeres passam e que não nos levarão para o inferno.

*Este texto não é da Macabéa de La Mancha.

Samba do rio

O que foi e o que será
O que se perdeu e o que se encontrará
Rio que corre e carrega
Carrega essa tristeza e a vontade de chorar
Corre rio, corre, e me leva!
Rio que corre, um dia, chega no mar...

Ó, mar...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Versos solares


Em mim, o poema não nasce,
Ele rompe
Feito sol:
Com luz intensa,
A ponto de cegar
Quem pensa
Que pode viver sem.
Mesmo que se ponha
Uma vez que suponha
Que te leva uma parte quando vai...
Enquanto você dorme e sonha,
O mundo gira,
E ele volta
E traz de volta
A força, o calor e a paz!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Felicidade



Vem em passos tão suaves
que não escuto.
Por isto, não sei de onde vem,
mas eu sinto
seu pisar como nuvem.


As coisas ao redor ficam mais bonitas
Os dias, as horas, a vontade de viver...
A rosa se refaz com pétalas viçosas
E as pessoas param nas ruas
só pra ver:


A mudança de casa, de gente e de amor.
Um amor por dentro, que é precioso.
O amor que está guardado e aguarda
o olhar delicado que cuide
e que não queira tirá-lo de mim.


Eis a felicidade de amar a si.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Essência


O que eu tenho de melhor não acaba quando eu dou.
Tenho sonhos, tenho fé e tenho amor.
Minha fonte de amor é inesgotável,
Porque sou do amor.
E isso é o que importa!
Meu sorriso é sincero,
Meu olhar é terno
E minha ciência utópica, eu não detenho!
Porque é quando mais me dou
Que é quando eu mais me tenho!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SMS


Eu quero é que lhe amargue a boca
Que você se exploda
Que vá tudo para os ares...
Eu quero é desbravar o mundo
ser do mundo, enquanto ele é
Eu vou ficar louca
Vou tirar a roupa quantas vezes eu quiser

Moleque, me respeite, não me pare!
Repare agora, que sou mulher.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Todo dia
menos uma ligação
menos um 'eu te amo'
menos um táxi para ir à tua casa.

Então vou te dizer adeus
Como quem sobe
e desce escada:
Deixando
o último
degrau.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Começando a viagem


Primeiro livro do ano: Mulheres que correm com os lobos (Clarissa Pinkola Estés)*


Eu corro pra longe
Com fúria e selvagem
Não há bosques densos demais
que eu não possa percorrer
Assim, começo minha viagem:
Não sou proibida,
silenciada,
reprimida,
podada,
enfraquecida,
torturada,
rotulada,
nem louca...
Apenas, há uma loba
que corre dentro de mim!

*O livro organizado por uma psicologa yunguiana faz um paralelo entre o arquétipo da mulher selvagem e os lobos, dizendo que não é a toa que ambos, a medida em que o homem se civiliza, estão simultaneamente em extinção. Os Lobos. com a destruição das florestas e tendo sido considerados criaturas do mal e foram sendo aniquilados ao longo de muitos anos. Já em relação ao arquétipo da mulher selvagem, o livro trás várias histórias que retratam a essência dessa mulher selvagem que reside naquilo que existe de mais primitivo e ancestral na vida, principalmente das mulheres. 

domingo, 1 de janeiro de 2012

2012

Bem, andei meio distante - ainda não estou perto de onde quero chegar - Chegar aonde, mesmo? Também não sei. Essa incerteza de ser é companheira de viagem: as vezes na bagagem, as vezes segurando minha mão. Escrever é necessidade - não obrigação: por isso, por mais que eu tente, não consigo parar... Se eu não 'perder tempo' para escrever, em que ganharei tempo?
Por falar em tempo, esse fator condicionante que nos acondiciona, ritualisticamente, temos um novo ano, novo tempo. Digo que entre ultimo dia de 2011 e o primeiro de 2012  não fiz nenhum plano para os próximos 365 dias (+ 1 - bissexto) - a não ser a ideia fixa de aprender a tocar violão (depois de ter aprendido a andar de bicicleta no ano passado - sei que posso tudo).
Hoje, faço das palavras de Viviane Mosé, as minhas: Nada de poemas presos! Viva a poesia!

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