sexta-feira, 14 de março de 2014

O meu pássaro azul (Conversando com o velho Buka)

Há um pássaro azul em meu peito que vê:Mentiras e vaidades.
Teus mimos e agrados, pra quê?
É a minha própria fumça que trago.
Foi assim que disse o velho safado e bandido.
Na composição dos meus versos sozinhos,
só a cerveja, o cigarro, a poesia e o meu pássaro azul fazem sentido.
Ah, o meu pássaro azul...
Não é à toa que está comigo.
Suas asas até podem voar,
Mas ele insiste em ficar
Na bagunça das coisas que não joguei fora,
No meio de tudo que não tem lugar.
Meu pássaro azul canta baixinho.
É quando eu percebo que ele é o único que nunca vai embora -
Se espremendo entre palavras e lágrimas -
Sem testemunhas.
Ficar seguro talvez seja mais dolorido.
Então digo pra ele: - vai, danado!
Mas ele é esperto demais e diz: - só vou contigo!
Sabe que sou demasiadamente covarde
Para dizer o que sinto.
eu que me sinto velha
De tão cansada dos foras da vida, minto:
- ele que não quer sair!
Compactuamos, então, os dois, do mesmo medo.
Somos tolos demais para chorar.
Mas isso é segredo.

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