terça-feira, 5 de julho de 2011

Aventuras Fantásticas Calvinêscas - Parte I

Minha amiga Jemima do http://floreseflechas.blogspot.com/ (que eu super recomendo) iniciou uma Jornada Literária (na qual se dedicitará ao hábito da leitura  e compartilhará seus encamentos literários com os leitores de seu blog. Pois bem, ela me fez repensar  minha condição de leitora - resolvi também iniciar uma aventura destas... 

Numa vida corrida a gente muitas vezes deixa de se presentear com  coisas que gostamos de fazer devido ao tempo. Por esta razão, me darei de presente o tempo - Ainda não jogarei tudo pro alto, ainda... - Mas me darei um tempo para me dedicar à coisa que tanto me dá prazer: leitura.

Não que não faça minhas leituras dentro dos ônibus, antes de dormir, aos domingos pela manhã... Mas é que essas brechas de tempo não me dão a satisfação de mergulhar na história que me é contada. Então eu disse a mim mesma: - 'Quer saber? Vamos (eu e eu mesma) organizar esse tempo! Por que deixar em segundo plano algo que me faz tão feliz? A vida é só uma, e ler é uma das formas mais saborosas de viver. Vamos à leitura!'

Aí veio a pergunta que não queria calar: quem, o que ler? 


Estava eu na casa de um amigo quando ele me (re)apresentou ao Ítalo Calvino - que eu já conhecia de ouvir falar, acho que já tinha lido um de seus contos, e visto a adaptação de um de seus livros num espetáculo de teatro -  mas nunca tinha me dado conta do quanto sua obra é fantástica (literalmente) e isso me fascinou. Foi amor à segunda vista quando meu amigo leu para mim: O homem que era honesto  da obra 'Um general na biblioteca' (IC) - que resumidamente eu conto aqui - a história de um país em que todos eram ladrões:

À noite, cada habitante saía, com a gazua e a lanterna, e ia arrombar a casa do vizinho. Voltava de madrugada, carregado, e encontrava a sua casa roubada. E assim todos viviam em paz e sem prejuízo, pois um roubava do outro, e este, um terceiro, e assim por diante, até que se chegava ao último, que roubava o primeiro.

E assim o país prosperava, e tudo seguia normalmente até que apareceu um sujeito honesto, e a crise se instaurou: foi preciso fazê-lo compreender que, se quisesse viver sem fazer nada, não era essa uma boa razão para não deixar os outros fazerem. Cada noite que ele passava em casa era uma família que não comia no dia seguinte.

Convencido, passou a sair de sua casa (deixando-se roubar), mas nem por isso passou a agir. E causou, então, um grave desequilíbrio na renda nacional, uma vez que os que não eram roubados acabaram ficando mais ricos que os outros, e passaram a não querer mais roubar. E além disso, os que vinham roubar a casa do homem honesto sempre a encontravam vazia; assim iam ficando mais pobres.

Os mais ricos passaram a pagar aos mais pobres para roubarem em seu lugar, e pegaram os ainda mais pobres que os pobres ainda para defender seu patrimônio contra os menos pobres. E assim criaram o salário, a polícia e as prisões.

Ao final, já não se falava mais em roubar ou não roubar, mas em ricos e pobres. O honesto, coitado, já tinha morrido de fome há muito tempo...

Com água na boca do pensamento estou devorando o que encontro deste autor - descobridor do fantástico no real: que  foi um dos mais importantes escritores italianos do século XX. Nascido em Cuba, de pais italianos, sua família retornou à Itália logo após seu nascimento. Formado em Letras, participou da resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi membro do Partido Comunista Italiano.

'Um General na biblioteca' - contos; 'O cavaleiro inexistente', 'O visconde partido ao meio' e 'O barão nas árvores' - trilogia romance fantástico - são minhas prioridades no momento.
Começarei as leitura hoje, e em breve postarei minhas Aventuras Fantásticas Calvinêscas!
É essa menina que me sinto hoje:



2 comentários:

Mima disse...

Nooooosssaaa!! Que leituras interessantes!! Nem acredito que eu tive uma parcela de contribuição para essas suas aventuras! Sabe que eu também me motivei a ler este autor? Muito, muito bom! Que bom que a minha jornada literária foi lida e apreciada. E viva a leitura!

=**

na vinha do verso disse...

ler você é uma grande aventura... belo blog lindas imagens bom texto... voltarei mais vezes viu?
abração