quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Paradoxo


Quando eu ficar velha
É que terei em mim a verdadeira beleza:
A pele flácida e meus seios caídos.

Todo meu corpo será tatuado da vida que vivi.
Então poderão, enfim, admirar-se de mim.

Minhas pernas não terão a força de antes;
Meus apelos não serão mais os mesmos;
Meus joelhos cansados serão demais doloridos.

Não se interessarão pelo o que posso fazer
Mas se houver interesse será pelo o que eu sou.

Quando o viço da juventude se for
É que não terei para ninguém tanta serventia:
É que finalmente serei. Poesia.

5 comentários:

Mima disse...

Ui. Show.

Ellen Dias disse...

"Todo meu corpo será tatuado da vida que vivi". Achei isso simplesmente fantástico! Nunca consigo me imaginar velha, mas esse texto faz as coisas mudarem de figura, faz a velhice realmente parecer a melhor idade.

Camila Paula disse...

E eu acredito que seja, Ellen. As pessoas mais lindas que conheci/conheço ou tem mais de 60 anos, ou não chegaram aos dez ou traem dentro de si esta composição.

Aline /B. disse...

"Quando o viço da juventude se for
É que não terei para ninguém tanta serventia:
É que finalmente serei. Poesia."

É isso, Macabea: é quando deixamos de ter serventia que, de fato, nos tornamos completos, livres e finalmente POESIA! Que boa visão vc tem!!

Abraços!

Mário Gerson disse...

Que poema bacana! Lição e reflexão para os jovens! Parabéns.